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Espaço Agrícola

Campo Web do último sábado (14) conversou com os pecuaristas e agricultores Rafael Fontana e Fernando Cunha

Integrando lavoura e pecuária, os proprietários rurais da região de Jóia e Santa Tecla compartilharam experiências na criação de gado e listaram dificuldades encontradas nesse ramo

Publicada em 18/08/2021 às 19:58h

Leonardo Pinto dos Reis - Estudante de Letras


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Campo Web do último sábado (14) conversou com os pecuaristas e agricultores Rafael Fontana e Fernando Cunha

O Programa Campo Web, bate-papo inteligente sobre o mundo agro, conversou com Rafael Fontana e Fernando Cunha no último sábado (14). Os produtores da região de Jóia e Santa Tecla, que utilizam a integração lavoura/pecuária, revelaram experiências de trabalho e também comentaram sobre dificuldades do produtor de gado. Entre elas: a relação com os frigoríficos e os roubos de gado.  

Ao início da conversa, como de costume, José Domingos pediu para os produtores falarem das suas origens no meio rural: 

FERNANDO: “Meu bisavô materno, Ângelo Custodio Hernandes, veio do Uruguai e era pequeno produtor rural. Com o passar do tempo, adquiriu áreas rurais na região de Jóia, Santa Tecla e Tupanciretã. Meu avô então assumiu a propriedade, e a partir de 1994, meu pai assumiu os trabalhos. Em 2000, após graduação em direito, eu vim para a região e fui bem acolhido. A partir de então, passamos a trabalhar com a agricultura, Nossa propriedade, localizada na região de Santa Tecla, tem 45% da área sendo utilizada para a agricultura, e 55% para a pecuária” 

RAFAEL: “Meu pai começou no ramo da agropecuária em 1978, mas a família da minha mãe já trabalhava com pecuária: meu avô materno era estancieiro na Jóia. Meu pai começou a se direcionar para a agricultura e, se aproximando da família da minha mãe, viu seu interesse pela agropecuária aumentar. A partir do arrendamento de uma área com um amigo e sócio, foi obtida uma propriedade, que foi crescendo. Essa sociedade foi apartada há 8 anos, e, desde então, estou à frente da propriedade. Temos integração lavoura e pecuária com ciclo completo (cria, recria e engorde), e sempre buscamos melhoramentos técnicos em ambas as áreas”. 

 

Em seguida, os produtores revelaram detalhes envolvendo o manejo dos seus rebanhos: 

RAFAEL: “O grande desafio é produzir qualidade para conseguir comercialização. O consumidor de carne está muito exigente nos dias de hoje. O produtor que não tiver genética, carcaça de qualidade irá ficar para trás. A carne que produzimos é praticamente toda exportada. Os cortes de primeira vão todos para exportação, enquanto os cortes de segunda ficam no mercado interno”. 

FERNANDO: “Mesmo após a introdução da agricultura, que consequentemente diminui a área para a pecuária, a quantidade de animais permaneceu a mesma. Essa manutenção das reses teve de ser acompanhada por genética, padronização de carcaça, sanidade, forrageiras de inverno e verão, melhoramento do campo nativo e preservação do ambiente”, disse, destacando como a busca pelo conhecimento através da troca de experiências possibilitou a evolução da integração lavoura/pecuária". 

 

O método de comercialização das reses junto aos frigoríficos também foi assunto da conversa. A dificuldade de entendimento do conceito de rendimento, por parte dos compradores, foi listada como uma questão a ser melhor elaborada 

RAFAEL: “Ao meu ver, teríamos de voltar aos moldes de antigamente: o peso que sair da propriedade tem de retornar para o produtor. Existe muita discussão a respeito do rendimento dos animais que são enviados para os frigoríficos: quando há pouca oferta de carne no mercado, o rendimento é excelente; quando há uma oferta melhor, o rendimento é abaixo do esperado. Creio que o produtor deveria ter mais informações a respeito do abate. O método do quilo vivo me parece mais fácil de entender”. 

FERNANDO: “No momento em que a carga de gado sai da tua propriedade e o dinheiro não está na tua conta, já não é mais a compra à vista. É preciso ter transparência e parceiros durante todo o processo, desde a criação do animal, passando pelo abate até a chegada ao mercado. De um lado, o mercado exigente e ávido pela carne, mas o produtor não tem certificação de segurança de que irá receber. A justiça já está possibilitando que o pecuarista que não teve seu pagamento depositado receba pelo peso vivo que consta no frigorífico”, disse, destacando como o comércio de grãos é bastante diferente da pecuária, pois o produto da agricultura já está em uma cerealista. 

 

 

No início da década de 2000, ocorreu um surto de aftosa no município de Jóia. Porém, atualmente, o Rio Grande do Sul é reconhecido como área livre de aftosa. Os produtores comentaram os dois assuntos: 

FERNANDO: “Quando eu estava para vir para a propriedade da família, ouvi a notícia do foco de aftosa na Jóia. Enquanto a vacina era obrigatória, pecuaristas compravam a vacina e não aplicavam em seus animais. Com o passar do tempo, o fiscal da vacinação avisava a data de vacinação contra aftosa. Hoje, temos internet e imagem de satélite que possibilitam ver o que está acontecendo em sua propriedade mesmo estando longe do local. Em termos sanitários, vejo essa Certificação de Zona Livre Sem Vacinação com muita temeridade, pois não estamos preparados. Porém, era algo necessário para a abertura de mercados”, disse, ressaltando que, na Jóia, existe inspetoria veterinária trabalhando em conjunto com o produtor. 

RAFAEL: “Ainda falta muita coisa para ficarmos sem vacinação. Fazemos o dever de casa, mas, nem sempre outros produtores estão fazendo. Às vezes, o proprietário não quer perder o leite do dia em prol da vacinação. Teríamos de pensar bem antes de definir uma zona livre sem vacinação. Creio que faltou um pouco de maturidade. As entidades precisam ter noção do papel que o produtor tem hoje: em caso de retorno da aftosa, não conseguiremos mais exportar carne. Temos de ter os cuidados necessários, deixando o calendário sanitário do rebanho em dia”. 

 

Outro assunto importante diz respeito aos crimes de roubo de gado em propriedades rurais. As grandes extensões rurais dos municípios e a consequente dificuldade de monitoramento da área pela polícia foram listados como motivadores dos roubos: 

RAFAEL: “Semana retrasada aconteceram roubos na região. É complicado. Nosso município tem um território muito grande, e o efetivo da Brigada Militar é pequeno em comparação. A situação é complexa, e penso que os casos de roubo devem aumentar. Hoje, uma vaca custa R$ 5000, e é muito mais fácil roubar no meio rural do que na cidade, onde há mais policiamento”.  

FERNANDO: “Nosso rebanho de ovinos foi praticamente dizimado, seja por cachorros ou por abigeato (furto de animais do campo). Há três anos e meio, quatro elementos invadiram minha casa e eu fui amordaçado. Levaram armas e celular. Ao amanhecer, recebemos o apoio da Polícia Civil e Militar. Em março deste ano, foram levados 14 bovinos de um campo da propriedade. Até hoje não sabemos o destino final desse crime. As evidências e o trauma permanecem. Mas, pela fé e gratidão em Deus, não sofremos violência física, além do abalo psicológico”, disse, destacando como o meio rural possui menos cobertura policial, o que motiva a ação dos bandidos. “O produtor rural sofre abalos. Mas, com o apoio da família e dos amigos, insistimos e permanecemos na lida”, finalizou Fernando, demonstrando força de vontade e amor pela profissão de produtor rural. 

 










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