A Câmara de Vereadores de Tupanciretã abriu espaço na sessão desta semana para a participação da comunidade por meio da Tribuna Livre. O produtor rural Michel Rodrigues utilizou o púlpito para abordar a importância da securitização agrícola e solicitar apoio dos parlamentares locais.
Durante sua fala, Michel destacou a relevância histórica do município e do estado no cenário agropecuário. “Somos o berço da agricultura. Temos várias referências: o transgênico se disseminou aqui, o plantio direto começou aqui”, afirmou.
O produtor estendeu a bandeira do Rio Grande do Sul no púlpito como símbolo do seu apelo e enfatizou que os vereadores podem colaborar levando as demandas ao conhecimento de suas bases políticas, bem como de deputados estaduais e federais. Rodrigues apontou a necessidade urgente de incentivos para o melhoramento do solo, investimentos em irrigação e na ampliação do seguro rural. “É preciso que os políticos e a sociedade olhem com atenção para isso. Se o setor vai mal, a cidade vai sentir os problemas”, alertou. Ele também destacou o papel do movimento SOS Agro, que atua como interlocutor entre os produtores, a sociedade e o meio político.
Após a explanação, os vereadores se manifestaram em apoio à causa. Pedro Salles (PSDB) reforçou a importância de políticas contínuas e estruturadas para o setor. “Precisamos de uma política que atenda o produtor. As medidas não podem ser paliativas, têm que ser completas e duradouras”, defendeu.
Vinicius da Saúde (PP) questionou sobre os impactos econômicos caso o governo federal não apoie a securitização. Michel respondeu que a ausência de uma política de renegociação gerará forte repercussão na economia gaúcha. “São 220 mil produtores endividados. Se nada for viabilizado, haverá um efeito dominó. Os bancos também irão sentir”, alertou.
José Nocrecio (PP) também manifestou apoio ao movimento. “Sem o agro, a gente não tem nada”, afirmou. Ele propôs que os vereadores se unam para pressionar deputados e buscar apoio junto ao governo federal.
Eduardo Almeida (PSB) relatou ter assistido a um vídeo nas redes sociais sobre o tema e se disse envergonhado com a demora na resolução. “Como político, me sinto envergonhado. Isso já era para estar resolvido”, afirmou, citando o deputado Heitor Schuch como um dos parlamentares que apoiam irrestritamente a causa dos produtores.
Benhur Terra (PL), autor do convite a Michel, agradeceu pela participação e reiterou o apoio da Casa Legislativa. “Essa Casa é parceira e entende a realidade de todos os produtores, desde quem planta uma alface até quem cultiva grãos. O governo federal tem a faca e o queijo para resolver”, declarou. Ele também questionou quais seriam as alternativas caso a securitização não avance. Michel respondeu que, apesar das incertezas, mantém a esperança de que o projeto seja aprovado. “Mesmo que não ocorra pelo presidente da República, o Congresso Nacional pode assumir a frente. Somos 26 estados e o Distrito Federal. Será que o nosso presidente e a nação vão abandonar um dos ‘filhos’?”, concluiu.
O vereador Claudiomiro dos Santos (PT) também parabenizou o movimento. “A luta de classe faz bem para a democracia”, afirmou. Durante sua manifestação, apresentou dados que, segundo ele, apontam a queda no valor da produção e no preço do diesel. Claudiomiro ainda mencionou o novo Plano Safra, que será lançado com previsão de R$ 500 bilhões, e questionou se medidas como o aumento do número de deputados ou a taxação via IOF dos super-ricos poderiam ser alternativas para viabilizar a securitização. Michel respondeu que o caminho não deve ser o aumento de gastos, mas a racionalização. “O governo deveria economizar. O aumento de salários e de número de parlamentares deveria ser revisto. Eles precisam pensar no país, especialmente no setor que produz. O tempo não para, o ciclo não para. O produtor precisa estar com crédito limpo para receber o insumo novamente”, reforçou.
Na sequência, o vereador Benezer Cancian (PP) questionou como os produtores estão assimilando a tramitação do projeto de securitização no Governo Federal e qual tem sido a postura dos políticos em Brasília. Michel compartilhou a experiência que teve durante uma audiência pública na capital federal. “Fomos de sala em sala, convidar os políticos para participar. Muitas salas estavam fechadas, mas a bancada gaúcha estava lá e falou por nós também”, relatou. No entanto, ele lamentou a baixa adesão ao encontro. “Dos 500 deputados, apenas 20 participaram”, afirmou.
Por fim, o presidente da Casa Legislativa, vereador Carlos Augusto Brum de Souza (PP), também se manifestou. Ele destacou que ninguém está pedindo dinheiro, mas sim crédito para que o produtor consiga seguir em frente. Guga lembrou que na última securitização, a grande maioria dos produtores rurais honrou seus compromissos. O presidente da Câmara teceu ainda uma crítica à forma como a grande mídia trata a crise rural. “Eu vejo uma dificuldade, ao conversar com lideranças, de pedir esse apoio. Mas o que vejo é que o Estado do Rio Grande do Sul está sozinho. O Brasil, de modo geral, não está apoiando (...), o drama é quase insuperável. O produtor está sofrendo”, declarou.
No encerramento de sua fala, Guga defendeu mais união do setor para mostrar sua força e parabenizou a criação do grupo SOS Agro RS. “O produtor merece socorro”, concluiu.
Michel agradeceu o espaço e alertou que, atualmente, o produtor não está tirando o suficiente nem para custear a produção. Por fim, defendeu que os produtores ocupem os espaços para disseminar informações reais do setor.