Na manhã desta quarta (23), o JM Digital realizou entrevista com o engenheiro agrônomo e ex-vereador de Tupanciretã, Almir Rebelo de Oliveira. 

Figura de destaque no desenvolvimento da agricultura na Terra da Mãe de Deus nos últimos 40 anos, o também presidente do Clube Amigos da Terra falou de diversas pautas relacionados ao agro: o início do plantio direto, a questão de armazenar água em Áreas de Proteção Permanente, e os novos trabalhos que Almir agora desenvolver em outras cidades da região Central do RS. 

Almir Rebelo iniciou lembrando de sua chegada em Tupanciretã, na década de 1980: 

• “Tupanciretã me recebeu muito bem, aprendi muito aqui com parcerias de muita qualidade. Cheguei aqui no momento em que a cidade caminhava a passos largos para o fechamento do maior frigorífico da América Latina. Tupanciretã estava mudando o seu rumo, suas atividades. E o sucesso dessa mudança dependia muito de questões técnicas, nas quais eu estava trabalhando. Transformamos um município onde a pecuária dominava no maior produtor de soja da região sul do Brasil. Isso não foi por acaso”, disse, destacando a situação do plantio de soja nos anos 80, e citando iniciativas como o plantio direto, pauta defendida pelo ex-vereador. 

O engenheiro agrônomo também destacou as condições geográficas do Brasil, que fazem do país um território diferenciado para a agricultura: 

• “Ficamos muito felizes em fazer parte da história de um país que era importador de alimentos e será, no futuro, o maior produtor de alimentos do mundo. É um dos únicos países que pode desenvolver agricultura nos climas temperado e tropical, pois temos dois hemisférios em nosso território”, disse, destacando ainda que o Brasil será um dos maiores exportadores de fertilizantes do mundo. 

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A estiagem que assolou a maior parte do Rio Grande do Sul durante o último verão motivou o ex-vereador a comentar sobre a importância da água, e a possibilidade de armazenamento desse elemento natural em Áreas de Proteção Permanente: 

• “O problema da água no país é que não está sendo vista como um componente de alimento. A água tem de ser tratada como alimento. A prova disso é que, com falta de chuvas, não há plantação. 12% da água doce do mundo está no Brasil. E nós não a aproveitamos por questão de ignorância. Nos últimos 32 anos, tínhamos média de chuva de 2061 mm. Usamos parte da água no plantio direto, e outra parte é escoada. As Áreas de Proteção Permanente (APP) são formas de escoar a água para o mar, mas o produtor precisa ter a liberdade, sem pedir para ninguém, de pegar um braço dessa APP e canalizar para um açude”. 

Almir Rebelo também destacou o início das obras na estrada que liga Tupanciretã à localidade de Santa Tecla: 

• “Não é por acaso que a pavimentação da estrada Tupanciretã-Santa Tecla está sendo executada. Em 1988, eu e Ildo Valentin fizemos a primeira reunião para defender essa pauta. Cumprimento o prefeito Gustavo Terra e o vice-prefeito Marcio Dias pela atuação. Ficamos felizes quando há sintonia. Tupanciretã irá mudar muito com esta estrada”.  

Dirigindo-se para o final da entrevista, o engenheiro agrônomo revelou que as pautas nas quais vêm trabalhando no momento estão focadas em outros municípios da região: 

• “Atualmente, estou em Jaguari e Santiago, me dedicando ao zelo com a família. Nesses locais, estão se abrindo portas: estamos com projeto para trazer uma unidade experimental da EMBRAPA para Santiago, com o intuito de realizar pesquisas com culturas de inverno. Também estamos dialogando com a juventude rural, fazendo um chamamento do jovem para o meio agrícola e empresarial. Em Jaguari, estamos conversando com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Beto Balzan, também tratando do futuro do jovem no meio rural, especialmente na pequena propriedade”, revelou, destacando o enorme potencial da fronteira gaúcha nas atividades agrícolas.