O secretário municipal de Turismo e Lazer, Guilherme Mirasso, acredita no potencial turístico de Tupanciretã. Encarando o desafio de abrir um novo nicho para uma cidade predominantemente agrícola, o turismólogo de 39 anos traça planos e aposta no turismo rural como peça central de sua estratégia. Além disso, busca revitalizar espaços públicos e descentralizar atividades de lazer, promovendo eventos em praças e diferentes locais da cidade para integrar a comunidade.
O Jornal Manchete Digital (JMD) entrevistou Mirasso um dia após a apresentação do seu pacote de ações para o turismo e lazer da Terra da Mãe de Deus. O secretário demonstrou otimismo e confiança diante das oportunidades e desafios, destacando a retomada de uma ExpoTupã tecnológica como um dos maiores marcos para 2025.
JMD – Quando falamos sobre turismo, muitos acreditam que Tupanciretã não tem potencial. O que o senhor pensa sobre isso?
Guilherme Mirasso – Quando a gente fala sobre turismo, ele é um fenômeno social. Então, é muito abrangente e envolve diversas cadeias. Muitas pessoas dizem que não temos turismo no município, mas, quando observamos o entorno, a história e a cultura de Tupanciretã, conseguimos perceber um legado histórico, a cultura patromonial e diversas potencialidades.
Um dos principais eixos é o turismo rural, que está em ascensão no Brasil e representa quase 2% do PIB nacional dentro de uma margem de 8% do turismo no PIB total. Esse segmento tem diversas ramificações, como o agroturismo, o turismo das agroindústrias e os hotéis-fazenda. A ideia do turismo rural é trazer essa composição respeitando a identidade local e a comunidade onde está inserido. Além disso, buscamos conectar o meio urbano com o rural, sempre valorizando a relação entre natureza e ser humano.
JMD – A posição geográfica de Tupanciretã, sua origem indígena e a proximidade com a Região Central do Estado não são tão exploradas. Como transformar isso em fonte de recursos para o município?
Guilherme Mirasso – Temos uma riqueza indígena muito forte, mas, por questões culturais, muitas vezes esse patrimônio histórico e cultural é deixado de lado. É essencial que Tupanciretã esteja inserida na IGR (Instâncias de Governança Regionais), E, por Tupanciretã fazer parte da AMCentro, essa importância de nós estarmos inseridos na Região Central, entretanto a gente consegue valorizar a conexão com a cultura jesuítica e as Missões.
Nosso plano de turístico busca integrar o resgate histórico dentro do turismo rural, contando a história da cidade, como era a vida indígena e como Tupanciretã se desenvolveu ao longo dos anos. Esse levantamento está sendo feito dentro da nossa inventariação turística, o que nos ajudará a estruturar produtos turísticos de forma estratégica.
JMD – O município tem uma grande extensão rural e diversas estradas. Como a infraestrutura pode impactar o turismo?
Guilherme Mirasso – O interior do município é imenso, e precisamos criar roteiros turísticos que conversem entre si. Não adianta termos atrações dispersas sem uma conexão entre elas. Além disso, o turismo precisa de uma estrutura mínima, incluindo saneamento básico, atendimento médico e acessibilidade.
A estrada Tupã/Santa Tecla será um diferencial. A conslusão do asfaltamento facilitará o acesso às propriedades e viabilizará excursões e novos fluxos de turistas. Além disso, permitirá uma ligação mais rápida com outras regiões, como Santiago e a Fronteira. Quando tivermos nossos produtos turísticos estruturados, poderemos promover a cidade para um público ainda maior.
JMD – Lazer: no geral há reclamações sobre os banheiros públicos. Como o senhor vê essa questão e sua avaliação inicial sobre os espaços públicos?
Guilherme Mirasso – Estamos percorrendo os espaços públicos e identificamos a necessidade de melhorias no mobiliário e na manutenção dos banheiros. O poder público tem sua responsabilidade, mas a comunidade também precisa ajudar a cuidar desses locais. Queremos incentivar o sentimento de pertencimento e fazer com que a população se aproprie dos espaços.
Além disso, já estamos planejando uma agenda de eventos para 2025. Queremos descentralizar as atividades de lazer, promovendo eventos itinerantes em diferentes praças da cidade. Uma das ideias é criar um “Domingo na Praça”, levando atrações para diversas regiões. Temos também a àrea do Complexo Tupanciretã (antiga Fepagro) com grande potencial.
JMD – Tupanciretã está resgatando a ExpoTupã, um evento tradicional. O que podemos esperar da feira?
Guilherme Mirasso – Estamos estruturando a feira para que ela mantenha sua essência, mas com inovações. Um dos destaques será um parque tecnológico, trazendo startups e empresas do setor agro para apresentar inovações. O agro hoje é tecnologia, e queremos refletir isso na ExpoTupã.
Já são 6 anos sem a feira, e o desejo da comunidade pelo seu retorno é enorme. Ontem, quando lançamos o teaser da ExpoTupã, vimos uma grande comoção. Queremos entregar um evento à altura da expectativa do público.